Toda ansiedade precisa de medicamentos?

Em primeiro lugar, é importante começar definindo o que é, de fato, ansiedade. Quando alguém chega para mim, no consultório, dizendo que seu problema é ansiedade, eu gosto sempre de perguntar: “ok, e o que é ansiedade, para você?”. Isso porque, ao longo dos anos atendendo os pacientes, percebi que as pessoas chamam muitas coisas de ansiedade, e que na verdade, não são. 

Percebi que, por exemplo, os pacientes chamam irritabilidade, tendência à discussão ou ter pavio curto, sensação de pressa, de estar acelerado, de sentir-se agitado mentalmente ou fisicamente, de mexer-se demais, ou por exemplo ficar batendo os pés ou remexendo as mãos, de ansiedade. E nenhum desses sintomas é, de fato, ansiedade. 

Mas o que é então ansiedade? A definição correta de ansiedade é sentir medo e preocupações excessivas, e antecipar-se a ameaças futuras, sejam elas reais ou não. Aqui, é importante frisar que a ansiedade é normal, natural e adaptativa da espécie humana. Nossa espécie evoluiu sendo ansiosa, ou seja, antecipando-se aos possíveis eventos ameaçadores, preparando-se para o futuro e sentindo medo dos predadores. Sentir algum nível de ansiedade é fundamental para nossa sobrevivência até os dias de hoje. Precisamos nos preparar para as adversidades tanto atuais quanto futuras, precisamos ter algum grau de medo frente às ameaças, para nos protegermos.

O problema então acontece quando a ansiedade ultrapassa o limite do considerado normal, e começa a trazer prejuízos e sofrimento. Aí, estamos falando dos transtornos de ansiedade, patologias psiquiátricas que merecem tratamento.

Dentro do grande grupo dos transtornos de ansiedade, estão vários diagnósticos, como: transtorno de ansiedade de separação e mutismo seletivo (transtornos que ocorrem em crianças); fobias específicas; transtorno de ansiedade social (também conhecido como fobia social); transtorno de pânico; agorafobia; transtorno de ansiedade generalizada.

Nem todos os transtornos de ansiedade necessitam obrigatoriamente do uso de medicamentos para o controle dos sintomas. Na fobia específica, por exemplo, temos mais evidência no tratamento com terapia cognitivo comportamental do que com uso de medicamentos. Por outro lado, no transtorno de pânico, dificilmente obtemos melhora sem uso de medicamentos, portanto é indicado o uso das medicações para estes casos. Já no transtorno de ansiedade generalizada, pode-se fazer o tratamento com ou sem uso de medicamentos, a depender tanto da intensidade dos sintomas, como da preferência do paciente. Pode-se lançar mão de outros tipos de tratamento como a psicoterapia, técnicas de mindfulness, mudanças de estilo de vida (abandonar hábitos e uso de substâncias que piorem os sintomas, por exemplo), atividade física, especialmente aeróbica. 

Consulte o psiquiatra da sua confiança e saiba que sempre há muito o que se fazer para obter alívio nos sintomas e restaurar sua qualidade de vida. Vale muito a pena!

Facebook
Pinterest
LinkedIn
Twitter
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *